Aos Morrisseymaníacos
Uma das grandes notícias de 2004 no campo musical foi a volta do cantor Morrissey ao maravilhoso mundo dos lançamentos de CDs. Após um longo período de ausência, ele colocou no mercado o ótimo "You are the quarry", provando a todos que ainda tem muita garrafa vazia para vender em pleno século XXI. Morrissey é um caso típico de artista que tem fãs fiéis, independentemente de estar na crista da onda ou não. E seu trabalho não poderia passar em branco na blogosfera, território livre para adoração absoluta. Um dos blogs brasileiros com essa finalidade que se destaca na rede é o Santuário Smiths ( http://santuariosmiths.blog.uol.com.br/).
O LABORATÓRIO POP conversou com Veri Morrissey, 20, para falar, não apenas de seu blog, mas de outros aspectos da carreira de um dos grandes nomes do rock dos anos 80, seja na carreira solo ou com os Smiths. "Qualquer pessoa que tenha um pouco de cultura musical sabe que os Smiths foram umas das maiores bandas de rock dos anos 80 e conhece pelo menos uma música", explica, ao ser perguntada de que maneira ela conheceu a banda. "Quando eu comecei a me interessar por rock alternativo foi inevitável que os Smiths surgissem no topo da lista de bandas fundamentais. Foi uma das que mais me identifiquei, me enxerguei dentro delas". Depois da descoberta, Veri quis conhecer mais e teve um auxílio precioso na busca de mais informações. "Os aprofundamentos de meus conhecimentos aconteceram graças a pesquisas feitas na internet, já que nem sempre é possível contar com outras mídias se o que você tem interesse não está no Top 10 da MTV", diz.
O blog surgiu depois de uma conversa que Veri manteve com um amigo também fã da banda "Como sempre acabamos falando deles, ele sugeriu que fizéssemos um blog". No fim das contas, quem vem cuidando de tudo até aqui é ela. "Ele apenas deu a sugestão". O Santuário Smiths costuma reproduzir muitos textos publicados em sites e revistas nacionais tanto sobre Smiths como Morrissey. O LABORATÓRIO POP perguntou a Veri qual a sua opinião acerca do tratamento dado pela imprensa brasileira ao trabalho desenvolvido pelo cantor e compositor. "Atualmente se dá pouca atenção ao trabalho dele. Hoje existem muito mais bandas e outros ritmos que estão na moda. Em termos de divulgação saiu uma capa de revista e uma matéria no caderno de cultura num jornal de São Paulo. Rádios e televisões não contribuem praticamente em nada para a cultura alternativa". Porém, existe um outro aspecto que a incomoda. "A imprensa também parece se importar muito com o fato de ele ser ou não gay, o que é totalmente irrelevante. No entanto, isso parece ter valor para mídia, muitas vezes até mais do que seu trabalho", diz.
Veri gostou de "You are the quarry", que marcou o retorno de Morrissey. Para ela, é o mesmo Morrissey de sempre, mas trazendo algum tipo de renovação. "O álbum apresenta algo de novo, uma sonoridade mais moderna, há muitos sintetizadores; os outros soam mais guitar band, são trabalhos mais crus", diz.
Sempre que se fala com um fã de Morrissey, uma pergunta é inevitável. Qual é a melhor fase de sua carreira? Como líder dos Smiths ou artista solo? "É inevitável que me venha os Smiths à cabeça. Não há para mim outra banda que se compare a eles em termos de composição, letras e musicalidade. São raras as bandas que conseguiram chegar a um estágio elevado de composição e ser influência para tantas outras. Embora Morrissey tenha feito grandes músicas em carreira solo, são duas coisas diferentes. Eu acredito que os Smiths sempre serão um marco tanto na minha vida como na de outros fãs", responde Veri.
Sobre os ex-integrantes dos Smiths, Veri acompanha bem o trabalho do ex-guitarrista Johnny Marr, principalmente com o Eletronic. "É uma música bem produzida, mas pessoalmente não me agrada muito. Acho que foi uma surpresa para todos os que estavam acostumados com a filosofia Hang the DJ...embora aquela fosse uma opinião pessoal de Morrissey, acho que ninguém conseguia enxergar um ex-Smiths fazendo música eletrônica. Dos outros integrantes não tenho conhecimento", diz.
A blogueira, num de seus posts, mostrou-se indignada com a versão para "How soon is now" gravada pela dupla (hoje desfeita) de lesbo teens tAtU. Ela chegou a classificar a gravação como uma atrocidade. Mas como sempre existe o outro lado da moeda, essa regravação não serviria para que essa nova geração de ouvintes pudesse conhecer o trabalho de Morrissey? "Não creio que isso seja possível", responde Veri. "Uma pessoa que curte esse tipo de som nunca irá compreender o que é ouvir Smiths. São públicos distintos. Mesmo porque eles nem estão interessados em saber que a música é de um cara chamado Morrissey. Outro dia eu a estava ouvindo em casa e minha prima comentou espantada ‘essa música não é do tatu?'. Pode parecer grotesco, mas para muitas pessoas o que não está nas paradas de sucesso não tem valor algum" decreta.
Para finalizar, a pedido do LABORATÓRIO POP , Veri fez uma lista com as músicas compostas de Morrissey de que mais gosta. Com os Smiths, ela destaca "Hand in glove", "What difference does it make? , "The boy with the thorn in his side", How soon is now?" e There´s a light that never goes out". Já em sua carreira solo, ela elege as seguintes músicas: "November spawed a monster", "Sunny, now my heart is full" e "Everyday is like Sunday".
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