No mundo dos blogs

Saturday, February 11, 2006

Jazz, charuto e uísque

O jazz pode não ser um gênero de visibilidade no mercado. Porém, agrega uma série de ouvintes fiéis que mantêm acesa a sua chama. O blog vem sendo utilizado de forma eficiente na intenção de reunir seus admiradores. LabPop encontrou um não apenas dedicado ao jazz, mas também a acompanhamentos para a sua audição, a saber: o charuto e o uísque. É o Charuto, Uísque, Jazz e Blog (http://web.archive.org/web/20040713214842/http://www.charutojazz.blogspot.com/).

O CJUB é um projeto coletivo. Dezenove internautas são responsáveis pelas atualizações, sempre com comentários sobre os mais recentes lançamentos, além de resenhas de shows e dicas sobre o que há de melhor no mundo dos charutos e do uísque. A idéia foi de Mauro Nahoum, um dos integrantes do grupo de blogueiros. Ele conta sobre o início do projeto: “Tudo começou quando resolvi dar visibilidade - e ao mesmo tempo, preservar - às interessantes informações trocadas com amigos sobre o que estavam ouvindo ou descobrindo no jazz, paixão comum a todos os membros do blog. O blog foi a forma mais simples que encontrei para isso”, diz.

E a combinação entre o jazz, o charuto e o uísque? “Foi natural, baseada nos hábitos dos fundadores. O uísque, para a grande maioria, e os charutos, para alguns, são ótimas companhias para ajudar no relaxamento propício para uma audição do jazz prazerosa. Pudemos juntar esses itens em nossas casas, em reuniões para ouvir jazz. Mas sempre com decorrências domésticas no day-after”, explica Mauro Nahoum. “Uma de nossas grandes demandas, ainda hoje, é por um lugar confortável onde se possa juntar tudo isso ao mesmo tempo”, acrescenta.

O CJUB já está no seu segundo ano. Seu lançamento oficial aconteceu no dia 10 de maio de 2002. “Inicialmente perguntei a dois amigos jazzófilos se topariam trocar idéias sobre jazz pela internet. Quando aceitaram e um terceiro foi contatado e se interessou, lancei o blog”, afirma Nahoum. Com o decorrer do tempo, outras pessoas foram chegando aos poucos nas reuniões promovidas pelo grupo. Algumas delas são ilustres no mundo jazzístico. “Fato curioso: foi uma grande alegria quando dois pesos pesados do conhecimento jazzístico se juntaram a nós. O José Domingos Raffaelli, um dos maiores conhecedores de jazz no Brasil, senão o maior, amigo de minha família, uma enciclopédia com mais de 60 anos dedicados ao jazz e habitualmente muito reservado, foi convidado a uma dessas reuniões e aceitou ir. Nessa tarde, lá já estava o Arlindo Coutinho, veterano produtor musical e grande incentivador dos músicos brasileiros. Foi uma grande confraternização, até por conta dessas importantes aquisições, que está bem viva na memória dos lá presentes”, conta Nahoum.

O número elevado de integrantes faz com que alguma tendência da história do jazz se sobressaia no CJUB ou há espaço para o ecletismo? “Sem dúvida, a preferência, na média, é pelos movimentos do swing, be-bop, cool e hard-bop, mas, entre nós, há apreciadores, alguns verdadeiros connaisseurs, do latin jazz, traditional, free, e mesmo fusion, mas, neste último caso, não o pop-jazz estilo ‘música de elevador’ (o que se convencionou chamar, na mídia, de ‘jazz contemporâneo’), mas o pop/rock mais elaborado, com forte presença de ingredientes jazzísticos (Steely Dan, Pat Metheny, Mahavishnu Orchestra, Headhunters, Return to Forever, Weather Report, Blood, Sweat and Tears, p. e.)”.

Além do blog, o CJUB mantém um prêmio chamado “Os melhores do jazz”. Tudo começou a partir de uma homenagem. “Depois do tributo que fizemos a Jorginho Guinle - com sua presença no Mistura Fina em novembro de 2003 - em produção chamada ‘Jazz Panorama’ (tal como o obrigatório livro de sua autoria), onde mostramos um panorama do jazz ao longo da história, o mês de dezembro foi reservado para uma jam session para a qual convidamos todos os músicos que já haviam se apresentado desde o início de nossas produções, começadas em março de 2003. Decidimos então eleger entre nós, os músicos, os concertos, a casa de jazz, o festival etc, de que mais havíamos gostado naquele ano e criamos o Premio CJUB Melhores do Ano, cujos diplomas foram entregues numa grande festa em dezembro. E pretendemos mantê-lo para os próximos anos, pois é uma forma de prestigiar quem se destacou no ambiente jazzístico. E é uma premiação relevante porque leva em conta apenas os votos de verdadeiros interessados no que há de melhor, sem ‘política’ de qualquer espécie”, explica Nahoum.

Para terminar, o CJUB atendeu a um pedido deLabPop. Que fizesse a combinação dos melhores álbuns dos artistas citados com o melhor charuto e o melhor uísque a acompanhar a audição.
MILES DAVIS
Kind of Blue (Sony/Columbia)Bag´s Groove (Fantasy/Prestige)
“Tais preciosidades representam uma síntese da história do jazz e, portanto, sugerimos uma audição acompanhada de um malte poderoso, o Lagavulin 16 y.o., ladeado por um estupendo Vegas Robaina “Don Alejandro” (Doble Corona)”.
CHET BAKER
Chet (Fantasy/Riverside)
“Chet Baker nos invoca a essência do cool, parceria perfeita para o supremo Jameson, uísque irlandês de rara textura e de um incomparável H. Upmann nº 2 (Pirâmide)”CHARLIE PARKER
Bird and Diz (Verve) - este mediante importação.
“Representação maior da revolução do jazz, para os felizardos que ainda possuírem algumas gotas, o uísque só poderá ser o President, jóia maior da coleção dos cães engarrafados, acompanhados, por evidente, de um Trinidad, o puro mais importante do mundo”. DUKE ELLINGTONIndigosDuke Ellington - The Count Meets The Duke - First Time! (Sony/Columbia)Duke Ellington - Ellington At Newport 1956 - Complete (Sony/Columbia)
“O swing maior de D.E. nos invoca um favorito dos 8 anos, “Dewar’s”, dada a necessidade de repetidas doses; e o puro ideal seria um Ramón Allones robusto, de traço incomparável”DIZZY GILLESPIE
The Dizzy Gillespie Big 7 At The Montreux Jazz Festival 1975 (Fantasy/Pablo)Dizzy Gillespie Y Machito - Afro- Cuban Jazz Moods (Fantasy/Pablo/OJC)
“Os fundamentos do bebop, incomparavelmente expressados por D.G., nos remetem ao sabor de um 12 anos de boa cepa, o extraordinário Chivas Regal, favorito de muitos apreciadores do precioso líquido, que deverá ser acompanhado de um Cohiba Esplendido, também para muitos o maior de todos”.

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